O grito dos excluídos e excluídas é uma atividade permanente que nasceu em uma reunião de avaliação da 2° Semana Social Brasileira que ocorreu em 1993 e 1994. Essa proposta saiu como gesto concreto à luz do “Brasil que a gente quer”, além da inspiração a partir do tema da Campanha da Fraternidade de 1995 – “Fraternidade e Excluídos” com o lema: “Eras tu, senhor ?”
A escolha do dia 7 de setembro para tal ato era em contraponto ao grito da independência do Brasil e ao patriotismo passivo dado a esse dia. O objetivo dessa atividade se dá a manifestar publicamente os gritos silenciados e as dores da sociedade. Dado a esse ato importante, quais são os gritos das Juventudes Brasileira?
Vivemos a dificuldade de se olhar o presente e o futuro com perspectiva e esperança pela falta de oportunidade com a temática do trabalho, educação e desigualdade social que segrega os que têm direito à voz e os que não têm. A juventude negra sofre diariamente com o racismo instalado em todas as vertentes da vida, sendo o grito delas um clamor de socorro, que atravessa as problemáticas de todas as juventudes de forma muito mais sensível quando fazemos o recorte racial. É a juventude que menos tem acesso a trabalho digno, educação de qualidade e cultura. É a que mais sofre violência, mas sente fome e tem suas vidas ceifadas pelos diversos motivos. O grito dessa juventude precisa ser ressoado.
Outro clamor dessas juventudes prioritariamente falando é sobre a crise climática. O planeta geme em dores de adoecimento pela busca incessante da produtividade, conforto e exploração de recursos naturais, ferindo de forma dilacerante a criação de Deus. Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti destaca a urgência de educação climática para todas as pessoas, principalmente os mais jovens a fim de que se entenda de uma vez por todas que toda criação de Deus nesse universo precisa ser respeitada e tratada de forma cuidadosa e divina, pois este é o nosso lugar de esperançar o futuro. Um futuro que só existirá se a sociedade der a oportunidade de se ecoar os gritos das juventudes que propõem a construir esse outro mundo possível. Somos protagonistas no diálogo para melhorias do cuidado com a Casa Comum. Rosto jovem do criador que criou com todo amor esse mundo para que possamos habitar e viver plenamente, onde todos os gritos são ouvidos e todas as vozes respeitadas.
Esse ano, com o tema: “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?” – 30 Anos de Resistência, a Pastoral da Juventude se compromete com o grito dos excluídos e excluídas em diversas dioceses espalhadas pelo país a fim de fazer valer o grito dessa juventude protagonista de sua história e do lugar em que seus pés pisam.