As vésperas da Solenidade de Pentecostes, Centro MAGIS Anchietanum reúne jovens para rezar em prol da unidade dos cristãos
Ronnaldh Oliveira via Centro MAGIS Anchietanum
Celebrando, em comunhão com toda a Igreja, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), promovida pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), diversos jovens, religiosos, sacerdotes e leigos estiveram presentes para a já tradicional Vigília da Unidade promovida pelo Centro MAGIS Anchietanum.
Com a presença do referencial da Arquidiocese de São Paulo para o diálogo interreligioso e ecumênico, padre José Bizon, o encontro contou com cantos de Taizé e reflexões de leituras e salmos da Sagrada Escritura.
“São tantas violências e divisões que aflingem nossa sociedade. É preciso olhar coma tenção para tudo isso. É preciso tolerância, respeito, é preciso amor – aquele que Cristo mesmo nos amou”, disse padre Bizon em sua reflexão.
O sacerdote que é o guardião da Casa da Reconciliação em São Paulo, espaço de encontro dos diversos seguimentos religiosos na cidade, ainda se pronunciou sobre a tragédia do Rio Grande do Sul: “um dos grande sinais de unidade, de presença do Cristo é o que tem acontecido no Rio Grande do Sul. A vasta solidariedade para com aqueles que perderam tudo. O movimento das Igrejas, dos fiéis em contribuírem de alguma forma com os irmãos e irmãs que padecem”, disse.
Semana de Unidade dos Cristãos
No hemisfério norte a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é celebrada entre os dias 18 e 25 de janeiro, data proposta em 1908 por Paul Watson por cobrir os dias entre as festas de São Pedro e São Paulo. Por outro lado, visto ser este o período de férias no hemisfério sul, as Igrejas habitualmente escolhem outras datas para celebrar a Semana de Oração. No Brasil, a semana aconteceu este ano de 12, Ascensão do Senhor, a 19 de maio, Solenidade de Pentecostes, (de acordo com o que foi sugerido pelo movimento Fé e Constituição em 1926), que é também uma data simbólica para a unidade da Igreja.
A centralidade do amor na vida cristã
O amor é o “DNA” da fé cristã. Deus é Amor e“o amor de Cristo nos reuniu na unidade”. Encontramos nossa identidade comum na experiência do amor de Deus (cf. Jo 3, 16) e revelamos essa identidade ao mundo pelo modo como amamos uns aos outros (cf. Jo 13, 35). Na passagem selecionada para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2024 (Lc 10, 25-37), Jesus reafirmou o ensinamento judaico tradicional de Deuteronômio 6, 5: 2 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”; e Levítico 19, 18b: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
O doutor da lei na passagem do Evangelho pergunta imediatamente a Jesus: “E quem é o meu próximo?” Muitos dos primeiros escritores cristãos, como Orígenes, Clemente de Alexandria, João Crisóstomo e Agostinho, viram a trajetória do plano de Deus para a salvação do mundo na Parábola do Bom Samaritano. Eles viam o homem que descia de Jerusalém como uma imagem de Adão – ou seja, de toda a humanidade – descendo do paraíso para este mundo, com todos os seus perigos e rupturas, e os ladrões como uma imagem dos poderes terrenos hostis que nos assaltam. Eles viram o próprio Cristo como aquele que, movido pela compaixão, veio em auxílio do homem meio morto, tratou de suas feridas e o levou para a segurança de uma estalagem, que eles viram como uma imagem da Igreja.
A promessa do samaritano de voltar foi vista como um prenúncio da promessa da segunda vinda do Senhor. Os cristãos são chamados a agir como Cristo, amando como o Bom Samaritano, mostrando misericórdia e compaixão para com os necessitados, independentemente da sua identidade religiosa, étnica ou social. Não são as identidades compartilhadas que devem nos levar a ajudar o outro, mas o amor ao nosso “próximo”. Entretanto, a visão de amor ao próximo que Jesus nos apresenta está sendo ameaçada no mundo atual. As guerras em muitas regiões, os desequilíbrios nas relações internacionais e as desigualdades geradas pelos ajustes estruturais impostos pelas potências ocidentais ou por outras forças externas inibem a nossa capacidade de amar como Cristo amou. É aprendendo a amar uns aos outros, independentemente das nossas diferenças, que os cristãos podem se tornar próximos como o samaritano do Evangelho.