Jovens de esperança: Ser sinal em meio às adversidades

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Pedro Marim de Almeida

“Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” Mateus 5, 13-16

Em outubro de 2025, o Centro MAGIS Anchietanum promoveu a Tarde de Espiritualidade com o tema: “Jovens missionários da esperança: sendo mais com todos os povos”, com a inspiração bíblica: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). A partir deste encontro, me veio o desejo de partilhar algumas inquietações sobre sermos sinais de esperança no meio das juventudes, sobretudo, diante daqueles e daquelas que enfrentam as mais variadas formas de adversidades em suas realidades.

Este texto, irá percorrer um itinerário reflexivo que tem como ponto de partida as mais diversas realidades sociais enfrentadas pelas juventudes em seu cotidiano, passando pelo chamado do Papa Leão XIV que nos pede que sejamos sinais de esperança no mundo e, por fim, pensarmos o compromisso e a importância de caminhos e espaços que fomentem a esperança.

Juventudes em Situação de Vulnerabilidade

Diversas são as eventualidades que cerceiam a vida dos jovens no Brasil hoje. Segundo a Fiocruz, os índices de suicídio e autolesões entre jovens têm crescido de forma preocupante a cada ano no Brasil e que os jovens são as principais vítimas da violência e acidentes no país , sobre a perspectiva do trabalho, a Agência Brasil aponta que mais de 5,2 milhões de jovens entre 14 e 24 anos estão fora do mercado de trabalho . O programa Profissão Repórter da rede Globo, ressaltou os desafios enfrentados por quem busca o primeiro emprego , e por último a falta de acesso pleno à educação de qualidade, como destaca o Instituto Humanitas Unisinos – IHU .

Ao colocarmos uma lupa sobre essas temáticas que acende um sinal de alerta, percebemos as múltiplas adversidades que cercam os jovens. Além desses desafios que são mais evidentes, há também, questões específicas de cada localidade que limita a vida das juventudes como o envolvimento com o tráfico, o uso de drogas e bebidas alcoólicas e entre outros, revelando o caráter multifacetado das vulnerabilidades que podem afetar diretamente as juventudes. Partindo da realidade em que estamos inseridos não é difícil notar a conjuntura, basta um simples esforço de observar e perceber as que geram implicações que envolvam as juventudes nos territórios. A reflexão primeira que precisamos fazer nesse sentindo é como tenho notado a realidade em minha volta, quais são sinais de esperança que existem e quais são os desafios.

A Esperança como Compromisso

Neste ano do Jubileu da Esperança, a Igreja tem sido provocadora para que sejamos autênticos sinais que desafiem as indiferenças e as falsas promessas de nosso tempo. Papa Leão XIV, em mensagem a arquidiocese de Chicago, convida a refletir sobre o chamado de sermos faróis de esperança , mesmo diante de tantos desafios e inquietações que vivenciamos atualmente. Ao encontro deste convite, a 9ª Jornada Mundial dos Pobres que acontecerá 10 a 16 de novembro de 2025, traz como tema: “Tu és a minha esperança” (Sl 71, 5), com um chamado firme e verdadeiro para o reavivamento e impulso de sermos sinais no mundo, pois a esperança é a certeza do amor de Deus , por isso, ela não nos decepciona.

A Igreja tem sido uma voz ativa ao provocar a superação do conformismo, que omite e não abraça a defesa da vida. Essa omissão dificulta ou mesmo distância o caminho para que nos tornemos verdadeiros peregrinos da esperança, não permitindo assumir de forma concreta o compromisso de ser voz profética, que anuncia a boa nova e denuncia as desigualdades e as indiferenças, rompendo assim com essa lógica que não é tarefa simples, nem algo que aconteça da noite para o dia.

O tempo, nesse sentido, segue um ritmo diferente do modelo imediatista em que vivemos. No entanto, isso não significa aceitar passivamente a lógica imposta. É fundamental dar passos concretos nesse horizonte de inversão.

Fizemos anteriormente a observação da realidade que me cerca, agora o momento nos pede compromisso de mudança, essa postura começa primeiro com a revisão das próprias ações enquanto anunciadores da boa nova, refletindo, de fato, se tenho assumido efetivamente ser sal e luz no mundo da esperança, como inspira a iluminação bíblica de Mateus , agindo para uma transformação primeiramente local.

“Cristo vive” e Ele te quer vivo

Refletir sobre a esperança exige coragem para olhar com profundidade as conjunturas existenciais, rompendo discursos meritocráticos que sugerem que “quem quer, consegue”, desconsiderando as desigualdades estruturais que impedem oportunidades iguais entre os povos e desfazer falsas ideias de que o sucesso é atrelado apenas a fama e dinheiro, onde o TER possuí valor mais significativo do que o SER.

A juventude é protagonista não coadjuvante da história e da transformação, assim como fez em outros momentos. “Esperançar”, como orienta Paulo Freire, é agir com esperança e não esperar, criando possibilidades de um futuro cheio de esperança e dignidade para todos.

É preciso olhar a realidade e enfrentar com coragem o ritmo cada vez mais acelerado do consumo, de respostas superficiais para questões complexas, das desigualdades estruturais e de uma esperança que, muitas vezes, permanece na inércia.

Caminhos de Esperança

Partindo desse caminho das adversidades, inquietações e esperanças sobre a realidades das juventudes que encontramos. Gostaria de evidenciar um caminho que acredito ser de extrema importância e necessidade para as juventudes sendo assim os espaços de encontros, escutas, formações e que despertem o protagonismo juvenil em nossas comunidades e em institutos de juventudes como é o caso do Centro MAGIS Anchietanum que tem em seu Plano Apostólico no quarto objetivo o comprometimento de “Atuar em processos formativos de jovens e educadores/as de jovens em âmbito eclesial e social, de forma integral, contínua e qualificada.”

Tais espaços, como os Centros MAGIS e entre outros locais, possibilitam que os jovens conheçam outros jovens, troquem experiências, questionem promessas rasas, se posicionem e se tornem sinais concretos de esperança e mudança em tempos de indiferença, no qual o modelo atual que é apresentado já não serve e não é seguro. Sendo assim, ser necessário ousar construir outro modelo que possibilite imaginar, sonhar e esperançar a vida.

Incentivando os jovens a serem agentes ativos de transformação, cidadãos de diálogo com o poder público para geração de espaços participativos que reflitam e respondam às reais demandas sobre saúde, educação, trabalho digno e vida plena das juventudes.

Ser sinal de esperança é mais do que um ideal é um compromisso concreto com a vida, a justiça e com o futuro. Que cada jovem possa encontrar caminhos para esperançar, transformar e viver com dignidade, sendo luz no mundo e sal da terra, como nos inspira o evangelho.

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